Capa do livro: OSWALD DE ANDRADE:<BR>anti-heroí­smo, literatura e crí­tica. uma leitura intertextual sobre a trilogia do exí­lio

OSWALD DE ANDRADE:
anti-heroí­smo, literatura e crí­tica. uma leitura intertextual sobre a trilogia do exí­lio

Autores: Sebastião Marques Cardoso

Na seu estudo sobre a Trilogia do Exílio de Oswald de Andrade, Sebastião Cardoso extrai a fórmula do leitor imaginado (o anti-herói) ao fazer, inicialmente, a recensão da fortuna crítica, passando, em seguida, para análises teóricas mais cuidadas e, por último, propondo abordagens comparativistas até então não exploradas. O livro nos permite visualizar com mais nitidez o grau de distanciamento e/ou proximidade do leitor histórico em relação ao leitor prefigurado no texto. Por outro lado, a questão do leitor de Oswald na Trilogia não se resolve com facilidade. Sebastião Cardoso constata que a fissura da crítica decorre em grande parte de ambigüidades presentes no texto do próprio autor, que está a meio caminho de uma postura mais clara sobre as implicações entre a forma do romance e a expressão dos personagens. Exemplo: na dedicatória do livro (1°. Volume): “Aos olhos que choram, às esperanças castigadas, aos lutos obscuros”, notamos, de imediato, que a obra se dirige a um tipo de leitor bem diverso do leitor fictício de Machado de Assis (referimo-nos aqui às Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881). Machado buscava um leitor casmurro, cético, irônico e impertinente (que fosse minoria?, não importa). Oswald, com a Trilogia, parece ir em direção oposta: o leitor fictício de Oswald é aquele que sentimentaliza a vida, que acredita, que não conquista nada de grandioso para que se possa entediar como os principais personagens-leitores de elite de Machado. Ora, temos aí uma diferença substancial: o leitor de Oswald, como bem captou Sebastião Cardoso, é maioria, é multidão. Com a Trilogia, Oswald faz um tributo às massas, aos pobres brasílicos. Lima Barreto, já um pouco antes, apontava para essa mesma direção, com sua literatura socialmente engajada, habitada por criaturas de existência precária, pelos desvalidos e pobres-diabos sem heroísmo.    


Ainda segundo Sebastião Cardoso, a Trilogia apresenta uma forma narrativa complexa que, embora faça apelo e referência a um dado tipo de leitor, esse leitor, desinstrumentalizado e “pobre”, é incapaz de reconhecer o plano da obra que o representa. Essa antinomia inscrita no corpo da Trilogia foi observada com argúcia e perspicácia por Sebastião Cardoso. Dada a configuração do texto literário, que clama por um anti-herói através de um recorte cinematográfico e instantâneo, o leitor da Trilogia precisaria ter, no mínimo, uma cultura literária consolidada e que também fosse capaz de reconhecer a modernidade da obra. Conclusão: para a leitura da Trilogia é necessária a existência de um leitor crítico de formação, em número talvez semelhante ou inferior aos leitores que Machado esperava, quando compôs suas Memórias. Sebastião Cardoso, ao “traduzir” para nós a contradição romanesca oswaldiana, contribuiu, dentre outras coisas, para nos fazer ver a dimensão criadora e fundadora de Oswald de Andrade, numa obra até então minimizada no contexto da produção do autor.  


                                           Prof. Dr. Manoel Freire Rodrigues

                                (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte)

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Editora: EDITORA CRV
ISBN:978-85-8042-002-9
DOI: 10.24824/978858042002.9
Ano de edição: 2010
Distribuidora: EDITORA CRV
Número de páginas: 178
Formato do Livro: 16x23 cm
Número da edição:1

OSWALD DE ANDRADE:<BR>anti-heroí­smo, literatura e crí­tica. uma leitura intertextual sobre a trilogia do exí­lio

Sebastião Marques Cardoso

É doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É docente permanente do Departamento de Letras (CAMEAM) e do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

E-mail: sebastiaomarques@uol.com.br