A PRÁTICA DE ENSINO REAL E O ENSINO DA PRÁTICA IDEAL

Autores: Carlos Fernando Galvão - José Carlos Milléo (Organizadores)

Este livro foi construído a partir das reflexões propostas e debatidas em um curso de Extensão Universitária destinado à formação continuada de professores de geografia da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro, através de convênio entre a SME-RJ, a UFF (Faculdade de Geografia) e a UERJ (Faculdade de Formação de Professores/DGeo).  Nesta condição, os textos que o compõe servem à reflexão do conhecimento geográfico no contexto da prática social e pedagógica dos professores de geografia.  Abordam problemas de ordem teórico-metodológica e epistemológica da geografia (o movimento dos conceitos/conteúdos da geografia), mas também questões pedagógicas (a didática da geografia) e psicológicas (a psicogênese do pensamento através da mediação simbólica da construção de conceitos).

Galvo expõe as mudanças provocadas na forma e no conteúdo do raciocínio das crianças, na passagem dos conceitos cotidianos aos conceitos científicos na prática de ensino. Milléo questiona os indicadores estatísticos presentes nos livros didáticos e seu uso no ensino de geografia no contexto das mudanças metodológicas do conceito de desenvolvimento e de justiça social.  Barbosa explicita a territorialidade da sociedade como um caminho para o (re)conhecimento de territórios de múltiplas identidades e representações socioculturais na metrópole.  Haesbaert distingue e, ao mesmo, tempo associa, os conceitos de território e região, como pressuposto a compreensão da realidade geográfica do presente contexto histórico.  Alentejano expõe a contradição, no cenário agrícola internacional do chamado desenvolvimento desigual e combinado, entre modernização e atraso, inclusão e exclusão, desenvolvimento de certas áreas e expansão da exploração, da desigualdade e da miséria.  Santana Filho debate o objetivo da geografia na escola, a partir da identidade da geografia e de seus conteúdos, mas também da sua função social na escola básica.  Santos, baseando-se no multiculturalismo, considera que ensinar a geografia “em África” é transcender a simples descrição e apontar os focos de convergência/divergência entre as culturas, para obter um quadro real das sociedades.

Esta abrangência de reflexões serve, portanto, a problematização daquelas perguntas permanentes dos professores de geografia - O que e por que ensinar?; Como ensinar e como aprender geografia? – indispensáveis a uma prática pedagógica consciente e crítica.  Este livro e o curso do qual se originou, resultam da articulação da Universidade com a Escola Básica, fundamental ao enfrentamento dos problemas e questões do ensino de geografia.

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